segunda-feira, 9 de maio de 2011

Regionalismo

O Regionalismo foi uma tendência do Romantismo que se iniciou na literatura no século XIX. Representa tipos e cenas do interior do país, integrando-os à cultura nacional. Entre as principais obras regionalistas do período romântico estão O Sertanejo, de José de Alencar; Inocência, de Visconde de Taunay (1843-1899); e A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães (1825-1884).

Com o desenvolvimento do Naturalismo, no final do século XIX, o Regionalismo se consolida. O cotidiano rural do Sul e do Nordeste é tema dos romances, que adotam também o modo de falar de cada região. Afonso Arinos (1868-1916), autor de Pelo Sertão, é considerado o principal nome do período. Outro escritor importante é Simões Lopes Neto (1865-1916), de Contos Gauchescos. Essa tendência é contemporânea dos pré-modernistas Euclides da Cunha, que escreve o livro-reportagem Os Sertões, sobre Canudos, e Monteiro Lobato, de Cidades Mortas, que trata da realidade do interior de São Paulo. A partir da década de 20, ao estimular a produção de uma literatura ligada à realidade do país, o Modernismo dá novo impulso ao Regionalismo. Em 1928, o sociólogo Gilberto Freyre lança o Manifesto Regionalista, que exalta a cultura regional e é contra a importação de manifestações artísticas européias. O movimento se renova com a obra de Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego (1901-1957) e Érico Veríssimo. Na década de 50 destacam-se Mário Palmério, Bernardo Élis e Josué Montello, entre outros.

Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com a arte moderna e inspirados pelo Dadá, estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Na pintura merecem destaque ainda Regina Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).
Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas. Mescla elementos realistas, cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que recebe influência do Expressionismo. Entre seus trabalhos importantes estão as telas Café e Os Retirantes.

Os autores mais importantes são Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais teóricos do movimento. Destacam-se ainda Menotti del Picchia e Graça Aranha (1868-1931). Oswald de Andrade várias vezes mescla poesia e prosa, como em Serafim Ponte Grande. Outra de suas grandes obras é Pau-Brasil. O primeiro trabalho modernista de Mário de Andrade é o livro de poemas Paulicéia Desvairada. Sua obra-prima é o romance Macunaíma, que usa fragmentos de mitos de diferentes culturas para compor uma imagem de unidade nacional. Embora muito ligada ao simbolismo, a poesia de Manuel Bandeira também exibe traços modernistas, como em Libertinagem.

Heitor Villa-Lobos é o principal compositor no Brasil e consolida a linguagem musical nacionalista. Para dar às criações um caráter brasileiro, busca inspiração no folclore e incorpora elementos das melodias populares e indígenas. O canto de pássaros brasileiros aparece em Bachianas Nº 4 e Nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma maria-fumaça e, em Choros Nº 8, busca imitar o som de pessoas numa rua. Nos anos 30 e 40, sua estética serve de modelo para compositores como Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernandez (1897-1948), Radamés Gnattali (1906-1988) e Camargo Guarnieri (1907-1993).

Ainda na década de 20 são fundadas as primeiras companhias de teatro no país, em torno de atores como Leopoldo Fróes (1882-1932), Procópio Ferreira (1898-1979), Dulcina de Moraes (1908-1996) e Jaime Costa (1897-1967). Defendem uma dicção brasileira para os atores, até então submetidos ao sotaque e à forma de falar de Portugal. Também inovam ao incluir textos estrangeiros com maior ousadia psicológica e visão mais complexa do ser humano.

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