segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dadaísmo

O Dadaísmo, movimento artístico e literário anárquico fundado em 1916 por artistas e intelectuais exilados na Suíça durante a I Guerra Mundial teve como fundadores: Hans Richter [1888-1976] e Raul Haussmann [1886-1971]. Por essa altura, publicaram-se numerosos manifestos Dada que proclamavam a espontaneidade, a liberdade e a anarquia absolutas do artista e consideravam a invenção pura, as leis do acaso e a permutação de formas antropomórficas e inanimadas muito importantes para o trabalho artístico. Mais tarde se expande por outros países da Europa e pelos Estados Unidos (EUA). Caracteriza-se pelo desejo de destruir as formas de arte institucionalizadas e de romper o limite entre as várias modalidades artísticas. Os artistas opõem-se à sociedade materialista, vista como fracassada por promover a guerra, e propõem ignorar o conhecimento até então acumulado pela humanidade.

Acima de tudo, os dadaístas procuravam chocar a sociedade com uma extravagância deliberada. Devem ainda referir-se como precursores deste movimento: Marcel Duchamps [1887-1964], francês e Francis Picabia [1878-1953], de origem cubana, que inicialmente foram seguidores do Cubismo. O seu nome deriva de da-da, duas das primeiras sílabas a serem pronunciadas pelas crianças, segundo os seus autores. É um estilo entre o infantil e o burlesco [Duchamps, por exemplo, pintou a Gioconda com bigodes...]. Com Duchamps, as formas passam a ter um aspecto mais ou menos mecânico mas não são animadas de um movimento natural. Este artista pintou cerca de vinte quadros, a maior parte deles sobre vidro. Foi ele que imaginou os "ready-made", ou seja, simples objetos manufaturados, como por exemplo um abridor de garrafas ou um urinol, em que ele se limitava apenas a modificar-lhe um pequeno pormenor ou até a não mudar absolutamente nada. Isto levou a que, em 1962, numa carta que Duchamp escreveu a Richter desabafasse: "Quando descobri os ready-mades pensei que ia desencorajar os estetas... Atirei-lhes o porta-garrafas e o urinol à cara como um desafio e eles agora admiram-nos pela sua beleza estética". Picabia, grande humorista, levou mais longe ainda o seu desafio com as suas mistificações absurdas. Esta atitude é muito característica do Dadaísmo e revela o seu espírito de protesto e de provocação.

Aliás, este movimento surge precisamente como uma reação às conseqüências nefastas da 1ª Grande Guerra Mundial. Perante o horror da guerra, viram-se forçados a reconhecer a fragilidade da civilização e dos seus valores. Por isso, os dadaístas entendiam como necessário fazer uma limpeza na arte, fazendo-a reviver, ou seja, começar tudo a partir do zero, defendendo assim a espontaneidade e a anarquia. Utilizavam qualquer tipo de material que encontrassem à mão.

Atualmente os seus quadros são admirados nos museus e reproduzidos em livros e revistas de arte. Entre os seus principais adeptos, contam-se Tristian Tzara, de origem romena, Hugo Ball, alemão, Jean Arp, alsaciano, Max Ernst, alemão, e Man Ray, norte-americano.

No seu início, os dadaístas chamaram a atenção de Picasso e de outros artistas cubistas, mas em breve manifestaram a sua oposição com firmeza. O movimento acabou por se desintegrar em 1922 e os seus adeptos foram aderindo a outros movimentos. Contudo, verificou-se um certo mérito neste movimento. Através da ironia e do absurdo, acabaram por provocar o desequilíbrio num determinado número de hábitos e idéias pré-concebidas enraizados na sociedade de então, que só dessa forma puderam ser alterados. Alguns dos seus elementos, do grupo dadaísta alemão, George Grosz [1893-1959] e Otto Dix [n.1891] criaram um outro movimento, denominado Nova Objetividade. Os temas tratados tinham um caráter amargo e satírico. Punha-se em causa a vida política e social, o caos e a hipocrisia da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário