O Neo-concretismo foi o movimento das artes plásticas que começa em 1957, no Rio de Janeiro, como dissidência do Concretismo paulista. Insatisfeitos com o que consideravam excesso de racionalismo, alguns artistas aliam ao Concretismo uma dose maior de sensualidade. Isso é feito com o uso mais livre da cor nas telas e com a criação de objetos que dependem da manipulação do espectador. Tendo como mentores o poeta Ferreira Gullar (1930-) e a artista plástica Lygia Clark, esses artistas expõem suas idéias no Manifesto Neoconcreto, publicado no Jornal do Brasil em 1959.
Os neoconcretos podem ser divididos em dois grupos. Com maior liberdade de concepção, o primeiro produz pinturas, esculturas e objetos que combinam essas duas formas de arte. Entre eles destacam-se os escultores Amilcar de Castro (1920-), Franz Weissmann (1914-), Willys de Castro (1926-1988) e Hércules Barsotti (1914-). Amilcar de Castro trabalha com chapas de ferro que são dobradas no espaço como folhas de papel. Willys de Castro faz os chamados relevos de parede, desenvolvendo objetos de madeira ou metal que mesclam pintura e escultura. O segundo grupo estimula a percepção tátil, além da visual, para que o público interaja com suas obras. Seus maiores representantes são Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape (1929-). Uma das principais obras de Lygia Clark é a série Bichos, composta de peças de metal unidas por dobradiças. O espectador pode manipular o objeto e modificar sua forma.
A participação do público nas obras de Hélio Oiticica também é fundamental. Seus "penetráveis" são ambientes em forma de labirinto em que as pessoas podem entrar e ter contato com estímulos sensoriais, como água e areia. Os "parangolés" são capas e faixas feitas de tecido e cordões pintados para ser vestidas durante apresentações de dança e música. Alguns exibem textos e fotos. Eles são expostos pela primeira vez no Salão Esso, realizado no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, em 1964. Lygia Pape leva as experiências do Neoconcretismo a outras áreas além da pintura e da escultura. Produz vários livros, como o Livro da Criação, em que o espectador interage com as folhas coloridas, que contêm, por exemplo, dobraduras e furos pelos quais passa luz. A cada abertura o livro mostra-se diferente.
Distantes da preocupação com a realidade brasileira, mas muito identificados com a arte moderna e inspirados pelo Dadá, estão os pintores Ismael Nery e Flávio de Carvalho (1899-1973). Na pintura merecem destaque ainda Regina Graz (1897-1973), John Graz (1891-1980), Cícero Dias (1908-) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).
Di Cavalcanti retrata a população brasileira, sobretudo as classes sociais menos favorecidas. Mescla elementos realistas, cubistas e futuristas, como em Cinco Moças de Guaratinguetá. Outro artista modernista dedicado a representar o homem do povo é Candido Portinari, que recebe influência do Expressionismo. Entre seus trabalhos importantes estão as telas Café e Os Retirantes.
Os autores mais importantes são Oswald de Andrade e Mário de Andrade, os principais teóricos do movimento. Destacam-se ainda Menotti del Picchia e Graça Aranha (1868-1931). Oswald de Andrade várias vezes mescla poesia e prosa, como em Serafim Ponte Grande. Outra de suas grandes obras é Pau-Brasil. O primeiro trabalho modernista de Mário de Andrade é o livro de poemas Paulicéia Desvairada. Sua obra-prima é o romance Macunaíma, que usa fragmentos de mitos de diferentes culturas para compor uma imagem de unidade nacional. Embora muito ligada ao simbolismo, a poesia de Manuel Bandeira também exibe traços modernistas, como em Libertinagem.
Heitor Villa-Lobos é o principal compositor no Brasil e consolida a linguagem musical nacionalista. Para dar às criações um caráter brasileiro, busca inspiração no folclore e incorpora elementos das melodias populares e indígenas. O canto de pássaros brasileiros aparece em Bachianas Nº 4 e Nº 7. Em O Trenzinho Caipira, Villa-Lobos reproduz a sonoridade de uma maria-fumaça e, em Choros Nº 8, busca imitar o som de pessoas numa rua. Nos anos 30 e 40, sua estética serve de modelo para compositores como Francisco Mignone (1897-1986), Lorenzo Fernandez (1897-1948), Radamés Gnattali (1906-1988) e Camargo Guarnieri (1907-1993).
Ainda na década de 20 são fundadas as primeiras companhias de teatro no país, em torno de atores como Leopoldo Fróes (1882-1932), Procópio Ferreira (1898-1979), Dulcina de Moraes (1908-1996) e Jaime Costa (1897-1967). Defendem uma dicção brasileira para os atores, até então submetidos ao sotaque e à forma de falar de Portugal. Também inovam ao incluir textos estrangeiros com maior ousadia psicológica e visão mais complexa do ser humano.
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